domingo, dezembro 03, 2006

Palavra do dia: captcha
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Nunca poderia imaginar que aquilo tinha nome...

terça-feira, novembro 21, 2006

Palavras cantadas
Eu não presto atenção nas letras das músicas. Muitas vezes vejo as pessoas cantando músicas decoradas, às vezes em outra língua, mas isso simplesmente não funciona comigo. Quando gosto muito de uma música, ouço várias vezes, presto atenção nos arranjos, mas não na letra. Com isso acho que tenho uma visão de mundo completamente diferente.

Um exemplo é Bob Marley. Ele é tido como um monstro sagrado do reggae no mundo todo, mas ainda tento entender por quê. Já escutei umas quinze ou vinte músicas dele, umas duas escutáveis, mas nada que me tenha despertado grande admiração. Um dia pensei: será que gostam das músicas dele por causa da letra? Faria sentido, pois nesse caso as pessoas vêem em suas músicas qualidades que eu jamais poderia ver, por minha falta de atenção. Daí me passou pela cabeça que muita gente no Brasil não deve entender o que as músicas falam, pois são em inglês, e então voltei ao ponto de partida.

E em geral, quando elogiam uma música, nunca sei se é pela letra ou pelo resto. É um universo paralelo que passa diante dos meus olhos. É uma pena. Sinto que, desta forma, vivo pela metade. Fico até triste quando constato que, numa playlist de 25 músicas boas, coloco 5 instrumentais facilmente.

Se me foram privadas as letras, me foi revelado um mundo harmonias, timbres e ritmos, e em menor escala de melodias. A mensagem do cantor não chega a mim, mas ouço com interesse as histórias contadas por cada instrumentista. Há sempre clichês -- que eu adoro -- e há também as variações que lembram que existem pessoas expressando suas idéias.

Essa não deixa de ser uma das maneiras mais anti-sociais de se ouvir música. Não posso chegar pra outra pessoa e dizer: achei genial aquele bumbo no contratempo, e você? Ou ainda cantarolar a harmonia do refrão. Meu consolo é que, nas músicas de Los Hermanos, é comum as pessoas cantarem os arranjos de metais, parte indissociável das músicas.

Isso é irônico. Acho tão interessantes as palavras, e tão fascinante a comunicação de um modo geral. É patético quando tento entender o que diz uma música estrangeira, e aí me dou conta que acabarei no máximo com uma seqüência de idéias desconexas, como aconteceria em português.

Mas minha cegueira não é total. Às vezes acho versos bonitos pelo seu som, e tenho mais facilidade pra ouvir e gostar de palavras simbólicas como céu e mar. A existência de antíteses e coloquialismos também chamam a minha atenção para a beleza da letra. De qualquer jeito, as palavras são meras coadjuvantes, com o papel de amplificar aquelas coisas que a música por si só quer dizer.

quinta-feira, abril 20, 2006

A língua falada

É interessante observar as diferenças entre as diversas línguas faladas ao redor do mundo. E um aspecto das línguas, a fonética, já é suficiente para provocar reflexões. Em geral, quando as pessoas ouvem e tentam entender os sons de uma língua estrangeira, é natural que elas procurem entendê-los em função dos sons da própria língua materna.

Hoje visitei, pela terceira ou quarta vez, um site que se propõe a mostrar a diferença entre sons vocálicos semelhantes na língua inglesa, como ocorre nas palavras ship e sheep. Primeiro alguns exemplos interativos mostram palavras com o primeiro som, depois palavras com o outro som. Depois disso há exercícios, inclusive um em que se pede que descubra qual palavra foi pronunciada (ship ou sheep? chip ou cheap? lip ou leap?).

Até consigo acertar os exercícios, mas não consigo me desvencilhar da maneira monolíngüe de pensar. Às vezes acho que o i de ship não passa de um ê disfarçado de i, e a pronúncia fica chêp. Outras horas vejo que não se trata exatamente de um ê, talvez seja um intermediário entre ê e i. E aí fica complicado conceber o som. Talvez seja mais como chp, com o i pouco pronunciado. No fundo sei que esse nível de detalhe não é tão importante. Afinal o fonema é apenas um objeto teórico; na prática diversos alófonos são usados no cotidiano.

Assim como há palavras que, estranhamente, possuem pronúncia diferente, há aquelas, chamadas de homófonas, que são pronunciadas da mesma forma (por mais absurdo que pareça à primeira vista). Sempre busquei uma maneira de diferenciar write e right, porque em alguns momentos queria dizer uma ou outra palavra, sem que o contexto ajudasse a diferenciar. Descobri que são homófonos, apesar das grafias bastante distintas. Uma lista de homófonos apresenta casos ainda mais absurdos, como muscle e mussel; pair, pare e pear; guessed e guest; buy, by e bye; to, too e two. Também já me impressionei que island se pronuncie como áiland (sem o som de s). Bom, não é novidade para ninguém que o mapeamento entre escrita e pronúnica do inglês é um pouco imprevisível (veja Hou tu pranownse Inglish).

É interessante observar a situação inversa: quais as dificuldades que as pessoas enfrentam ao estudar português como língua estrangeira? Entrei por engano em um site sobre o português, que afirma que "There is a subtle difference between the pronunciation of open and closed vowels", no entanto "their difference is not so great that it would cause confusion when spoken". Ele se refere a diferenças entre ó e ô, é e ê. Concordo que trocar um pelo outro não causa problemas de entendimento. O mais curioso é que a mim, brasileiro nativo, essa diferença parece bastante clara. Como as pessoas são diferentes!...

Já falei sobre a língua inglesa e vogais, então agora falarei sobre italiano e consoantes. O italiano, como língua românica, tem grandes semelhanças com o português; algumas fontes chegam a afirmar que as duas línguas são mutuamente inteligíveis. O italiano apresenta uma relação bastante previsível entre pronúncia e grafia das palavras. Os fonemas são de fácil assimilação por lusófonos. Ainda assim, tive oportunidade de escutar um italiano falando português, e reparei uma peculiaridade na pronúncia do t seguido de i. Havia um quê de ch na pronúncia, como se falasse tchi. Me passou pela cabeça se ele não estaria pensando na sílaba ci do italiano.

Esse desvio na pronúncia ainda representa o mesmo fonema. Essa diferença entre ti e tchi não faz parte da língua (eu acho), e pode ser entendida como sotaque. Os cariocas tendem a falar mais como tchi. Mas não deixa de ser interessante observar na prática como a língua materna interfere na expressão de uma língua estrangeira.

quarta-feira, abril 19, 2006

Atividade atípica

No final do ano passado, durante o período em que ganhei bolsa para trabalhar na Rede Acadêmica de Computação, desenvolvi um programa de computador que cria listas de discussão para todas as disciplinas do curso, cadastrando alunos e professores como membros. Isso representa uma diminuição da burocracia necessária para promover a livre comunicação entre alunos e professores das disciplinas. E trata-se de uma idéia em que acredito.

Infelizmente criei grandes expectativas quanto às possibilidades dessa nova facilidade. A realidade, é claro, é que as listas foram criadas mas ninguém usa. A promoção de discussão sobre uma área de conhecimento, a ajuda mútua, tudo não passa de uma noção idealizada. Minhas expectativas partiram da suposição -- talvez falsa -- de que as pessoas estão interessadas em compartilhar idéias e dúvidas sobre o conteúdo das disciplinas, e não somente preocupadas com o mecanismo de avaliação. É ilusão achar que suas verdades são as verdades das outras pessoas.

Em algumas ocasiões a tecnologia acaba se desenvolvendo em um ritmo que não é acompanhado por transformações sociais, culturais, comportamentais. As mudanças no meio demoram para ser assimiladas pelas pessoas. Por que então eu não inauguro discussões nas disciplinas das quais sou aluno? Se a livre discussão é meu objetivo, eu devo lutar por ela, e não esperar que os outros lutem pelos meus ideiais. Nesse caso a falha é minha. Temo que meu ânimo inicial seja transformado em decepção se eu perceber que as outras pessoas não estão interessadas nas mesmas questões que eu. Também não quero me destacar, e com isso magoar pessoas. Nesse caso a tecnologia liberta, a sociedade e a mente aprisionam.

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Hoje um aluno mandou para a lista de discussão o material didático fornecido pelo professor. Mas a mensagem não chegou a ninguém. Então passaram uma papel para que os alunos escrevessem seus endereços de e-mail, para que pudessem receber o material. Ou seja, foi criada toda uma estrutura para compartilhar informações e arquivos entre os alunos, mas no final recorreram ao papel e à caneta. Fiquei um pouco triste com isso.

Enviei um e-mail para a lista de discussão informando o que ocorreu e deixei escapar que, na minha opinião, o problema estava na 8ª camada. E finalizei a mensagem com um pedido: "Me avisem se receberem [esta mensagem]". A minha intenção foi informar que eu esperava uma resposta, e eu esperava que as pessoas me dissessem, pessoalmente, que receberam a mensagem. Ao não deixar claro que esperava uma resposta pessoal, dei margem a que as pessoas me informassem através da própria lista de discussão. E isso me soa um pouco irônico, porque é uma forma de incentivar que as pessoas escrevam mensagens para a lista. De fato, seriam mensagens sobre uma mensagem, e isso só serve para encher inutilmente a caixa de e-mail e ocupar o tempo das pessoas que lerão as mensagens.

O interessante é que 4 pessoas responderam ao meu pedido no mesmo dia, e fiquei feliz com isso, porque contraria até certo ponto minhas idéias pessimistas. Mas resta a dúvida: se fosse algo relacionado ao assunto da disciplina, a atividade seria a mesma? Só tentando...

terça-feira, abril 18, 2006

Pois é, criei um blog. Sinceramente, ainda não sei exatamente por quê. Na melhor das hipóteses, escreverei coisas inúteis aqui.